A história que você vai ouvir em seguida é real.
Além dela servir como inspiração, também mostra que é possível ser o melhor naquilo que você faz, mesmo se você não tem nenhum talento natural.
O psicologista educacional Laszlo Polgar, foi um dos primeiros defensores da ideia de que as pessoas consideradas as melhores naquilo que fazem, na verdade desenvolveram o seu potencial, ao invés de nascerem com ele.
Sua tese era de que a prática dedicada numa determinada atividade, poderia transformar qualquer pessoa em um grande gênio naquela atividade.
Ele afirmava que toda pessoa tem um grande potencial, e cabe a cada um aproveitar e explorar o seu potencial ao máximo.
O maior problema, é que por algum motivo, as próprias pessoas não acreditam nisso.
Elas pensam que atingir um nível de excelência, ou até mesmo se tornar o melhor numa área, é uma porta que está aberta somente para os outros, mas não para elas.
Na década de 60, essa ideia de se desenvolver até se tornar um dos melhores era considerada tão absurda, que um oficial do governo chegou a desencorajar Polgar ao dizer na cara dele que ele precisava procurar um psiquiatra para tirar essa ilusão da cabeça.
Mas, Polgar acreditava tanto nessa ideia, que nada iria detê-lo.
Ele percebeu que a melhor maneira de testar a ideia seria desenvolver o potencial em seus futuros filhos.
Então ele começou a busca pela sua futura esposa, enviando cartas para várias mulheres.
Por sua ideia ser considerada muito radical para época, a maioria das mulheres pensava que ele era louco.
Mas no final, ele encontrou uma mulher chamada Klara, que apesar de achar sua ideia estranha, concordou em se encontrar com ele.
Klara gostou muito de Polgar, e após um tempo decidiram se casar. Os dois também concordaram em criar seus filhos de uma forma que desenvolvessem todo potencial.
Então em 1969 nasceu a Susan, a primeira filha deles.
Polgar começou a pensar cada vez mais qual seria a atividade onde sua filha Susan iria desenvolver todo potencial.
Precisava ser uma área onde a conquista fosse tão grande, que todos seriam convencidos de que talento natural não era necessário para ser o melhor.
Após um tempo procurando soluções, Polgar percebeu que a atividade poderia ser o xadrez.
Afinal, xadrez é um jogo objetivo, reconhecido no mundo inteiro, com regras claras, e onde é fácil comparar o desempenho de cada jogador.
Dessa forma, não teria como ninguém refutar sua ideia, já que existe um ranking objetivo dizendo quais são os melhores jogadores do mundo.
Ser melhor a cada dia é o segredo
Polgar começou a estudar bastante o jogo, e passou várias horas por dia ensinando xadrez para Susan.
Susan passou a gostar muito de jogar, e aos 4 anos de idade já tinha centenas de horas de experiência acumulada em xadrez.
Para testar suas habilidades, Polgar inscreveu sua filha num torneio de xadrez, onde a maioria das crianças tinha pelo menos o dobro da idade de Susan.
Mesmo assim, Susan venceu todos os jogos. E sem perder nenhum jogo, ela conseguiu a pontuação máxima no torneio.
Todos ficaram de boca aberta. Por ser tão nova, e pelo fato de não ter perdido nenhum jogo, as pessoas pensaram que Susan tinha uma habilidade natural para o xadrez.
Mal sabiam eles o que estava prestes a acontecer.
Tente ser o melhor no que faz
Em 1974 nasceu a segunda filha do casal, a Sofia.
2 anos depois, nasceu a terceira filha, a Judit.
Todas as 3 irmãs cresceram jogando xadrez. Polgar e Klara não forçavam nenhuma de suas filhas a jogar.
Elas simplesmente pegaram gosto pelo jogo e queriam melhorar cada vez.
Já na adolescência, cada irmã já tinha acumulado mais de 10 mil horas de experiência em xadrez.
E para ter uma ideia do que aconteceu, esses foram os grandes feitos de cada uma:
Susan, aos 12 anos de idade, se tornou campeã mundial na categoria para garotas abaixo de 16 anos.
Aos 15, ela se tornou a jogadora com a maior pontuação no mundo entre as mulheres.
Quando tinha 21, ela conseguiu o maior título possível no xadrez, recebendo o título de “Grande Mestre”.
Ela foi campeã mundial no xadrez feminino entre 1996 e 1999.
E no total, ela conquistou 12 medalhas em olimpíadas de xadrez para mulheres.
Já Sofia, aos 12 venceu o torneio mundial para meninas até 14 anos.
Aos 14, ela realizou um dos maiores feitos da história do xadrez que ficou conhecido como “o saque de Roma”, onde numa competição que tinha vários grandes mestres, ela venceu o torneio com uma pontuação de
“oito e meio” num total de 9.
Sofia chegou a ser considerada a sexta melhor jogadora do mundo no xadrez feminino.
E Judit, a mais nova das irmãs, foi a que mais surpreendeu.
Aos 12, ela realiazou 3 grandes feitos: venceu o torneio mundial até 12 anos, depois venceu um torneio todos-contra-todos que incluia grandes mestres, e depois ainda ganhou medalha de ouro nas olimpíadas de
xadrez para mulheres.
Aos 15, Judit se tornou a mais jovem Grande Mestre da história.
Ela foi a única mulher que derrotou 11 campões mundiais quando cada um deles estava no auge.
E durante 26 anos consecutivos, ela manteve a maior pontuação do mundo no xadrez feminino.
Até hoje, Judit é considerada a maior enxadrista mulher de todos os tempos.
Como ser um vencedor
A história das 3 irmãs provou a tese de Polgar, de que a prática dedicada pode transformar a pessoa num grande gênio.
Mas a reação do público foi de que todas essas conquistas eram devido a um raro talento natural. De algum dom extraordinário, como se as 3 irmãs já tivessem nascido sabendo jogar xadrez muito bem.
Essa é a ilusão do iceberg.
As pessoas só viram a ponta do iceberg, o resultado final, e não todos os anos de estudo, esforço e dedicação.
O próprio Polgar disse: “Se as pessoas tivessem visto o lento progresso, ao longo de vários e vários anos, não teriam chamado nenhuma delas de prodígio.”
Os pais não podiam ter passado nenhum dom do xadrez para as filhas.
Polgar era um jogador medíocre. E a mãe Klara também não tinha habilidade nenhuma para o xadrez.
O incrível resultado que as irmãs tiveram foi fruto de acúmulo de muita experiência, ao longo de muito anos de muito trabalho duro.
Outra observação importante é que o nível de sucesso das irmãs variou bastante.
Se comparamos os resultados das 3 irmãs ao longo dos anos, a Sofia é a que teve menos feitos no xadrez.
Suas próprias irmãs falavam que ela era a menos comprometida. Susan até chamava Sofia de preguiçosa.
Mas Judit, era a que mais se esforçava. Ela era a que mais estudava e praticava.
Ela trabalhava duro para vencer, e nunca desistia dos desafios.
Não é atoa que ela se tornou a melhor de todos os tempos.