Aqui está um desafio.
Amanhã de manhã, acorde e comece a correr.
Corra e corra e continue correndo até que você corra 100 milhas, que é o equivalente a 160 quilômetros.
Consegue fazer isso?
Para a maioria de nós, diríamos: Não. Impossível.
A Mentalidade de David Goggins
Mas aqui está a coisa sobre o “impossível”.
Quando nos deparamos com fazer ou morrer, tudo se torna muito mais simples.
Quando a perspectiva de nos convencermos é removida da equação, tudo o que resta é o fazer – apenas o processo simples e poderoso de um pé à frente do outro, indefinidamente.
É disso que a mentalidade de David Goggins se trata.
É sobre ser implacável, conquistar o impossível e sentir dor.
Não se trata de felicidade eterna, amar a si mesmo independente do que aconteça, ou sobre aposentadoria.
Para sentir o gosto do que é ser implacável, vamos para San Diego, 2006.
Há uma corrida acontecendo na cidade.
Os atletas estão correndo e dando voltas e mais voltas por 24 horas, em busca da maior distância possível nesse período.
David Goggins, um SEAL da Marinha que nunca correu além dos 42 quilômetros de uma maratona, acabou de passar a marca de 70 milhas (102 quilômetros), mas não parece nada bem.
Uma linha de urina escura e ensanguentada está escorrendo pela perna de Goggins, e antes disso ele já havia defecado nele mesmo enquanto corria nas últimas voltas até chegar à marca das 70 milhas.
Ele está com a visão embaçada e alguns ossos de seus pés estão quebrados.
Qualquer pessoa comum teria parado bem antes disso.
Uma pessoa comum teria treinado por anos antes de fazer uma prova como essa, e certamente não teria ido à academia levantar pesos na noite anterior à prova.
Uma pessoa comum teria trazido nutrição adequada e planejado meticulosamente o ritmo durante a prova.
Como Goggins Continua Sendo Incomum
Porém, David Goggins não é uma pessoa comum.
Goggins conduz sua vida especificamente para se tornar uma pessoa incomum.
E aqui está a parte maravilhosa – nenhuma das coisas que ele faz envolve uma vantagem genética, uma vantagem de ter sido um prodígio naquela atividade por ter treinado desde a infância, uma vantagem familiar e financeira, ou qualquer outra típica desculpa “Se eu fosse X” eu conseguiria.
Em vez disso, seus sucessos exigem a única coisa que cada um de nós temos aos montes – insatisfação.
Mas por que, nesta manhã, Goggins acorda e acredita que pode correr 100 milhas, embora nunca tenha feito isso antes?
Tudo se resume ao que ele chama de Regra dos 40%.
De acordo com essa regra, nossa autoconfiança repousa em 40% de nossa capacidade real.
Por exemplo, se você acha que o número total de quilômetros que você consegue correr agora são quatro, na verdade esse número é muito mais próximo de dez.
Assim, apesar de Goggins não ter o preparo adequado, já que nessa época ele era mais um cara de passar horas treinando com pesos na academia, e não um atleta de endurance, ele acredita que pode correr as 100 milhas porque seu teto percebido é muito mais alto do que a maioria das pessoas “normais”.
Envolver-se com o impossível é o tema central e recorrente na vida de Goggins.
Ao atingir o que acreditamos ser impossível, elevamos nosso teto percebido, e nossa autoconfiança cresce de uma bola de neve para uma verdadeira avalanche.
Inclusive, Goggins retrata isso muito bem em seu livro, com o nome Can´t Hurt Me.
A evolução nos condiciona a buscar conforto e segurança quando estes estão disponíveis, de modo que convencer nossa mente e nosso corpo a se aproximarem de nossos limites não é uma tarefa fácil.
A Corrida de 100 Milhas
Goggins chama esse banco de autoconfiança de pote de biscoitos (ou cookie jar em inglês), que é o que permite que ele consiga passar por essas 100 milhas.
Cada um de nossos sucessos se torna um biscoito, que podemos devorar mentalmente em nossos momentos mais profundos de dúvida.
Para Goggins, esse momento de dúvida durante a corrida de 100 milhas de San Diego ocorre do meio pro final da prova.
Ele já não consegue mais correr, seus pés estão tomados por bolhas e com vários ossos quebrados.
David Goggins está prestes a entrar em colapso, tanto que sua esposa na época já estava pronta para chamar a ambulância.
Mas na mente de David, no entanto, ele está comendo biscoitos.
Ele está lembrando que ele superou uma infância abusiva e dificuldades de aprendizado para se juntar à Força Aérea, que perdeu cerca de 48 quilos em três meses para ser admitido no treinamento dos Navy SEALs, que ele suportou a infame Semana do Inferno, a parte mais difícil do treinamento dos SEALs não apenas uma, mas sim três vezes, que ele foi enviado pelas forças armadas para servir no Iraque e no Afeganistão e, embora ele ainda não saiba, ele fez tudo isso com um buraco no coração.
Então ele pensa, qual é a próxima volta?
Dê uma geral pela sua memória, pegue suas maiores conquistas e coloque-as em um só lugar.
Depois de avaliar os destaques, defina seu teto para uma determinada tarefa.
Isso é seus 40%.
Em seguida, defina metas que você nunca conseguiu atingir.
Mire em 50% para esta semana e 60% na próxima semana.
Quando a fadiga ou a dúvida entrarem no seu caminho para acabar com sua motivação, use essas conquistas que estão em seu pote de biscoitos uma por uma e comece a devorá-las.
Goggins conseguiu finalizar sua meta de 100 milhas na corrida de San Diego, que era na verdade o que ele precisava para se classificar para a Badwater – uma das corridas de ultramaratona mais cansativas do mundo, que vai do Vale da Morte até o Monte Whitney, nos Estados Unidos, com distância de 135 milhas, que é o equivalente a 217 quilômetros.
Sua ideia era fazer a corrida mais brutal que pudesse encontrar para arrecadar dinheiro para as famílias dos SEALs que morreram na Operação Red Wings, uma missão malsucedida que tirou a vida de muitos de seus amigos e colegas.
No entanto, logo ficou claro para Goggins que mesmo que ele estivesse fazendo isso por uma boa causa, para realmente conseguir superar os trechos mais difíceis dessas corridas, ele tinha que fazer isso por ele mesmo.
Ele tinha que tornar o processo tão pessoal que ele empurraria a si mesmo para seu absoluto limite, a fim de alcançar seu objetivo.
Desafio Para Você
Ao fim de cada capítulo de seu livro, Goggins propõe um desafio para o leitor, e é exatamente isso que farei agora com você.
Então aplique a regra dos 40% aos seus objetivos e reavalie seus limites máximos (lembre-se, 4 quilômetros de limite em sua mente na verdade equivale a 10 quilômetros de limite real por exemplo).
Gradualmente, aumente suas metas à medida que alcançar mais de 40%, sempre fazendo um balanço das coisas mais difíceis que você realizou para encher o seu pote de biscoitos e criar um efeito de bola de neve para realizar cada vez mais coisas.