David Goggins é considerado como o homem mais resistente do mundo, não apenas fisicamente mas também mentalmente. Goggins foi o único membro das Forças Armadas dos Estados Unidos a completar o treinamento de elite dos SEALs, dos Rangers e da Força Aérea. Qualquer uma dessas conquistas teria sido impressionante, mas isso é só o começo para Goggins.
Ele também foi o recordista mundial, reconhecido pelo Guinness, para o maior número de elevações na barra fixa em 24 horas. Ele alcançou em janeiro de 2013 a marca de 4.030 elevações na barra fixa em apenas 17 horas. Além disso, ele também coleciona uma série de resultados expressivos em eventos de ultradistância, como ultramaratonas e ultratriathlons.
A ideia aqui é te mostrar as maiores lições de David Goggins para nós também conseguirmos elevar nossos limites físico e mental a um outro patamar.
Lição 1 de David Goggins – Propósito é mais importante que a Motivação
David Goggins não acredita em motivação. Uma das primeiras coisas que ele nos diz em sua autobiografia, o livro Can’t Hurt Me, é que “a motivação é uma porcaria”. Infelizmente o livro dele ainda não tem uma versão traduzida para o português, mas seu título em tradução livre seria algo como “Não pode me machucar”. Ao contrário da motivação, Propósito é algo muito maior e nada passageiro. Se você quer ler um resumo do livro de David Goggins em português, cadastre-se em nossa lista de emails.
Depois que outros SEALs, que são a elite da minha americana, foram mortos em uma operação militar, Goggins pensou que uma forma de ajudar seria arrecadar dinheiro para uma organização sem fins lucrativos, fundada para fornecer bolsas de estudo para os filhos de soldados mortos no cumprimento de seu dever.
Dessa forma, ele se inscreveu para uma corrida de 24 horas em San Diego, na Califórnia, onde os competidores percorreriam a maior distância possível nesse período. Sua intenção era usar essa corrida para se classificar para a Badwater, umas das maiores e mais difíceis corridas do mundo, com distância de 135 milhas, o que dá cerca de 217 quilômetros, disputada sob um fortíssimo calor.
Para conseguir sua classificação, Goggins teria que correr pelo menos 100 milhas em 24 horas na corrida de San Diego, o equivalente a 160 quilômetros. Mas havia um grande problema, Goggins não era um corredor. E pesando mais de 100 quilos, ele estava muito mais para um bodybuider do que qualquer outra coisa. Na época ele praticamente não fazia exercícios aeróbicos, seu negócio era realmente levantar peso. Participar de corridas de longa distância não seriam adequadas para ele naquele momento, ainda mais um prova de 160 quilômetros e sem nenhum treino adequado.
Mesmo assim, David Goggins foi para a prova e, mesmo sem muito conhecimento de como deveria se hidratar e se alimentar, coisas fundamentais em provas de ultradistância, ele conseguiu chegar à marca das 70 milhas, o que dá cerca de 112 quilômetros, nas primeiras 12 ou 13 horas. E isso é algo realmente incrível! Essa distância toda é superior a 2 maratonas e meia! Mas o processo foi brutal, Goggins chegou até essa distância por pura força de vontade, já que treino para isso ele definitivamente não tinha.
Ao chegar nessa marca, ele teve que parar. Muitos ossos de seus pés estavam quebrados. Havia fraturas por estresse, dores nas canelas e músculos além do estágio da dor e da fadiga. Ele estava urinando sangue na perna porque não conseguia chegar a um banheiro que estava literalmente ao lado dele. Não seria um exagero dizer que ele estava à beira da morte, mas mesmo assim não desistiu. Mesmo faltando cerca de 48 quilômetros para conseguir sua classificação para Badwater, de alguma forma ele conseguiu se levantar e lentamente fez a distância restante para terminar a corrida, terminando as 160 milhas dentro do prazo de 24 horas.
E como foi que ele fez isso? Foi a força mental que veio de sua causa, de ajudar os filhos dos soldados mortos em combate? E David Goggins diz de não. Ele diz que isso se tornou algo pessoal. A dor praticamente acaba com nossa capacidade de pensar e raciocinar. Ele foi alimentado por um propósito maior que ele próprio, algo mais convincente que essa dor. Era seu propósito.
Mesmo depois de terminar o treinamento dos SEALs e dos Rangers, essa corrida de San Diego foi o desafio mais difícil que Goggins enfrentou em sua vida. E a lição é que você ainda pode continuar se tiver um propósito firme, um objetivo real que te faz lutar até o fim.
Lição 2 de David Goggins – Desconstrução das Coisas
Então, como exatamente Goggins conseguiu finalizar os últimos 48 quilômetros?
Ele quebrou essa distância toda em pedaços pequenos. Para completar, primeiro ele precisava se alimentar, depois ficar em pé antes e só então ele conseguiria dar seu próximo passo. Naquela corrida, ele teve que inclusive prender seus tornozelos e depois seus pés, e só assim foi capaz de terminar.
Esta lição de desconstrução mental tem suas raízes num processo pelo qual todos os SEALs da Marinha devem passar, que é a chamada semana do inferno, a famosa “Hell Week”. É o período de treinamento mais difícil do treinamento dos SEALs. Os formandos passam por cerca de 125 horas de treinamento contínuo e normalmente dormem apenas duas horas durante esse período.
A ideia é drenar fisicamente e mentalmente os aspirantes a SEALs e, em seguida, ver que tipo de decisão eles tomam. Os instrutores fazem o melhor que podem para fazer os alunos desistirem. David Goggins passou por 3 semanas dessas no período de um ano.
Nas duas primeiras, ele teve que desistir, primeiro devido à ter ficado doente, e depois devido à lesões. Então ele recebeu uma última chance para completar o treinamento dos SEALs. E Goggins fez exatamente esse processo de desconstrução, se concentrando em um desafio de cada vez. Ele acabaria se formando nessa sua tentativa final.
Dividir as tarefas, por mais difíceis que pareçam, em pedaços pequenos, faz com que a gente consiga superar obstáculos insuperáveis. Some os pequenos pedaços e, com consistência, você pode realizar algo que nunca julgou ser possível. Foi assim que Goggins completou sua prova de 100 milhas e é assim que podemos alcançar nossos grandes objetivos.
Lição 3 de David Goggins – Regra dos 40%
Sem conhecer David Goggins, Jesse Itzler também estava participando da mesma corrida de 24 horas em San Diego. A diferença principal era que Jesse estava participando como integrante de uma equipe de 6 pessoas.
Intrigado com a forma como Goggins completou aquela corrida, apesar de estar visível e gravemente machucado, Itzler convidou Goggins para morar com ele por um mês. Ele queria aprender mais sobre o homem que havia terminado aquela corrida apesar de estar tão mal preparado. Goggins concordou com apenas uma condição: Itzler faria qualquer coisa que ele dissesse, não importava o que.
No primeiro dia, Jesse Itzler foi obrigado a fazer cem exercícios na barra fixa. Ele fez oito em sua primeira série, depois seis e esse número caiu até conseguir fazer apenas um. Seus braços estavam doendo, mas Goggins não cedeu. Jesse completou as 100 barras fazendo uma de cada vez.
Há uma série de outras histórias excelentes e que nos fazem entender melhor a mente de Goggins no livro Living with a Seal que Jesse Itzler escreveu após viver esse mês com Goggins. Infelizmente esse livro também não tem tradução em português ainda, mas em tradução livro o título seria “Vivendo com um Seal”.
Jesse escreveu que Goggins mostrou a ele que todos nós somos capazes de muito mais do que pensamos que somos. Goggins dizia que quando sua mente te diz “já chega”, na verdade você só fez 40% do seu potencial, então na verdade pode ir muito além disso.
Há uma espécie de combustível reserva dentro de nós que quase nunca chegamos a usar. Somente se nós verdadeiramente nos empurrarmos para os nossos limites, e depois ultrapassarmos esses limites, é que podemos alcançar todo o nosso potencial.
Lição 4 de David Goggins – Visualização Mental
David Goggins acredita que ele é o homem mais resistente do planeta, no sentido de ser o mais casca grossa. Ele acha que pode completar praticamente qualquer tarefa que ele se proponha a fazer. E ele provavelmente pode mesmo. Mas o ponto aqui é que você tem que se ver realizando algo antes que isso realmente aconteça. A mente tem que que visualizar e aceitar essa ideia antes que o corpo possa e consiga alcançá-la.
A pergunta que ele faz a si mesmo em tempos difíceis contém apenas duas palavras simples: “e se?”
Quando ele entrou pela primeira vez no escritório do recrutador dos SEALs, Goggins foi informado de que havia apenas 35 afro-americanos nos últimos 70 anos que conseguiram se tornar um SEAL. David Goggins, que também é afro-americano, perguntou a si mesmo – “e se eu pudesse ser o 36º?”
Hoje em dia, ele se faz a mesma pergunta sempre que está em dificuldades durante uma prova. É essa pergunta que o ajuda a superar seus limites quando seu corpo e mente estão desgastados e machucados e implorando para que ele pare.
Se visualizar sendo bem-sucedido e tendo sucesso no que você se propôs a fazer é fundamental.
Lição 5 de David Goggins – Pote de Biscoitos
Goggins tem uma arma secreta que ele costuma usar quando está passando por alguma dificuldade.
Como muita gente, ele tem um pote de biscoitos. Mas a grande diferença é que esse pote não contém nenhum biscoito tradicional. Ao invés disso, o pode de biscoito de David Goggins contém todos os obstáculos que ele já superou.
Então ao acessar seu pote de biscoitos, Goggins vai lembrar que foi um SEAL, que completou a semana do inferno, vai lembrar que já correu mais de 160 quilômetros sem ter nenhum preparo para isso, e vai lembrar que independente da dor que já tenha passado, ele a superou e sobreviveu. Então o obstáculo que ele está enfrentando agora não é nada comparado ao que ele já enfrentou.
Como o próprio Goggins diz em seu livro, “Lembrar o que você passou e como isso fortaleceu sua mentalidade pode tirar você de um loop cerebral negativo e ajudá-lo a superar os fracos impulsos de um segundo para desistir”.
Ele quase nunca fala sobre suas realizações. A única vez que ele as acessa é quando realmente precisa de combustível extra para continuar e superar o obstáculo que está enfrentando. Goggins se permite entrar em seu pote de biscoitos somente quando há uma necessidade. Nunca é um prazer.
Já a maioria de nós, muitas vezes passa muito tempo admirando nosso próprio trabalho e realizações, quando o que realmente deveríamos fazer é continuar e seguir para a nossa próxima tarefa. Normalmente massageamos nossos próprios egos e nos sentimos bem naquele momento, mas ao fazer isso não estamos chegando a lugar nenhum.
Realizaríamos muito mais se passássemos o tempo fazendo o trabalho que precisa ser feito e, ocasionalmente, nós olhássemos para o quão longe chegamos. O pote de biscoitos deve ser usado como combustível, e não como uma distração.
Lição 6 de David Goggins – Esteja Disposto a Sofrer
Você não deve nem imaginar isso agora que sabe um pouco mais sobre ele, mas a verdade é que Goggins odeia correr.
Goggins costumava ser um cara grande. Ele realmente gostava de levantar peso e tinha um físico grande e forte. Mas no universo das Ultramaratonas, um cara tão grande como ele era é realmente uma exceção. Goggins sabia que ele iria sofrer quando fez sua primeira corrida de 100 milhas com toda aquela massa muscular adicional. Mas essa era a única maneira de levantar fundos para a causa que ele queria ajudar.
Ele vai ainda mais longe, afirmando que “o sofrimento é o verdadeiro teste da vida”. Ao sofrer, Goggins não está treinando apenas para uma corrida ou um desafio de resistência. Ele está treinando para as tragédias que inevitavelmente atingem todos e cada um de nós. Por isso, ele realmente tornou o sofrimento um hábito.
Então, fortaleça sua mente se colocando voluntariamente em situações desconfortáveis todos os dias de sua vida. Você deve calejar sua mente da mesma maneira que você faz com suas mãos. Você deve buscar o caminho mais difícil, de maior resistência, todos os dias da sua vida. É assim que David Goggins se tornou o homem mais resistente do mundo.
Essas são apenas algumas lições de David Goggins. Ainda há muito sobre a vida dele, seja na sua infância difícil, com muitos problemas em casa, no período em que realmente decidiu que se tornaria um SEAL apesar de trabalhar no ramo da detetização, estar completamente acima do peso e sedentário ou quando descobriu que tinha um buraco em seu coração.
Se você gostou desse vídeo e se sentiu inspirado pelas lições de David Goggins, veja nossa categoria aqui no site exclusiva sobre David Goggins.
