História de Flávio Augusto | Episódio 2 | O Conflito Ético

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Aqui é o André do Você Top e esse é o segundo episódio da série Flávio Augusto, baseado no livro Ponto de Inflexão.

Se você não assistiu o primeiro episódio, vá para a playlist Flávio Augusto aqui do canal.

Apesar de ter se dado bem na venda dos cursos de inglês, o processo não foi nada fácil para Flávio.

No início, amigos e parentes eram contra a ideia dele ser um vendedor.

Do ponto de vista trabalhista, não havia nenhuma garantia.

Mas ele estava se desenvolvendo e conseguindo bater as metas propostas.

Nos primeiros 6 meses, Flávio foi promovido 3 vezes por seu ótimo desempenho, e já começava a ter um bom rendimento mensal.

Mas no fim de 1991 passou por um período ruim de vendas.

Num desses dias, ele e Luciana estavam indo para um churrasco na casa de um tio dele, e tiveram que atravessar o Rio de Janeiro.

Depois de mais de 3 viagens de ônibus e quatro horas no percurso, eles chegaram no churrasco já quase no fim, e Flávio prometeu a si mesmo que não andaria mais de ônibus novamente.

Como estava num mau momento onde trabalhava, ele ouviu seu tio, que era executivo de uma multinacional, e foi participar do processo seletivo da empresa.

Flávio passou nas provas, no psicotécnico e em 2 entrevistas iniciais e, de acordo com seu tio, gerentes de diferentes áreas queriam contratá-lo.

O caminho dele para ingressar na multinacional estava pavimentado.

Flávio Augusto então procurou seu diretor para informar que estava de saída e que cumpriria seu aviso prévio.

Seu diretor tentou convencê-lo a ficar, chegando inclusive a marcar uma ligação com o então presidente da empresa, Mário Magalhães.

Mas isso também não funcionou.

Flávio estava convicto de sua saída.

Mas antes de ser contratado pela outra empresa, ele foi chamado mais uma vez para passar pela entrevista com o gerente geral da filial do Rio de Janeiro daquela multinacional.

Então ele foi para a reunião com o Senhor Adilson, que a princípio, não mostrou nenhuma simpatia e perguntou a Flávio o porque ele queria trabalhar na empresa.

Flávio, já muito bem treinado e acostumado a lidar com entrevistas e pessoas, usou todo seu repertório para mostrar que tinha disposição para trabalhar, e ambição para crescer na empresa, mesmo que fosse necessário começar de baixo.

Mas o Senhor Adilson disse:

“Você é gerente em sua empresa com apenas 19 anos. Por que quer ser promotor de vendas aqui? Você está regredindo.”

Flávio não recuou:

“Quero trabalhar numa multinacional, quero crescer, quero romper meus limites e, tudo isso, sem me importar com minha condição inicial. Acredito em meu trabalho e sei que vou crescer aqui.”

Porém, numa fala inesperada, o Senhor Adilson foi bem sincero:

“Flávio, se você trabalhar aqui, o máximo que você vai chegar é exatamente nessa sala, em minha posição, daqui a 30 anos.

E isso eu não te recomendo.

Minha sugestão é que você continue em sua empresa, que não conheço, mas onde, pelo seu preparo e brilho no olhar, vejo que está fazendo um bom trabalho.”

Flávio ainda tentou rebater seus argumentos e mostrar que faria o que fosse preciso para entrar e depois crescer dentro da multinacional.

Mas o Senhor Adilson estava decidido a não contratá-lo, e disse:

“Flávio, quanto mais você fala, mais tenho convicção de que isso aqui é muito pequeno para você. Nós não vamos te contratar.”

Então o Senhor Adilson estendeu a mão a ele e se despediu.

Flávio saiu de lá desolado.

Mas ele não imaginava que aquele momento era um ponto de inflexão de grande importância em sua vida.

A atitude do Senhor Adilson de não contratá-lo impediu que Flávio Augusto tivesse uma carteira assinada pela primeira vez e também que ele desviasse do caminho da venda de cursos de inglês.

Isso o levou a quatro anos depois abrir sua primeira escola da Wise Up.

Apesar desse ponto de inflexão não ter sido mérito dele, e sim do Senhor Adilson, a forma como Flávio se manteve em seu trabalho foi bem inteligente.

Ao invés de dizer que o emprego na multinacional não havia dado certo, ele se manteve quieto e focou todas as suas energias em entregar os melhores resultados possíveis na empresa, e assim, receber um novo convite para continuar lá.

E foi exatamente isso que aconteceu.

Quando Mário, o presidente da empresa, soube que Flávio havia escolhido permanecer na empresa, ele o convidou para um reunião em sua casa, em Porto Alegre.

Flávio então passou a ser acompanhado mais de perto por Mário, que percebeu todo o potencial que o então garoto possuía.

Nessa nova fase, além de vender também aprendeu a recrutar e treinar novos vendedores.

Em 1993 Flávio começou o ano com muita energia e objetivos, disposto a crescer e ganhar mais para se mudar para perto do trabalho e ficar longe dos tiroteios da região em que morava.

Com excelentes resultados, em maio de 1993 ele foi promovido a diretor comercial, com apenas 21 anos, e recebeu uma proposta para abrir uma escola da rede na Venezuela.

É bom lembrar que a Venezuela dessa época era bem diferente da Venezuela dos tempos atuais, já que o país tinha uma economia estável e também uma das maiores rendas per capita da América Latina.

Ele e sua esposa decidiram que era uma boa oportunidade e foram para lá, mesmo sem saber falar espanhol.

Flávio era o encarregado de toda a operação da escola na Venezuela e Luciana, que tinha acabado de fazer 18 anos, era encarregada da parte administrativa e financeira, após 3 meses de treinamento no Brasil.

No começo Flávio usou mímica em muitas ocasiões para tentar explicar as coisas, já que não dominava o espanhol.

No segundo mês, a escola já tinha mais de 120 alunos matriculados e já tinha atingido o ponto de equilíbrio, de modo que não havia necessidade de que o dono da empresa fizesse aportes na operação da escola na Venezuela.

Porém, num fim de semana tanto o carro de Flávio foi roubado, como a escola de inglês também.

E o mais estranho era que nada tinha sido arrombado.

Para ele, era claro que alguma pessoa ou empresa estava incomodada com a presença deles ali.

Apesar da estabilidade econômica que a Venezuela tinha, o país ainda sofria com alto índice de criminalidade, e Flávio e Luciana, que ainda eram bem jovens, se sentiram vulneráveis.

Após sete meses na Venezuela, ele foi requisitado para retornar ao Brasil, para assumir uma direção regional da empresa.

Flávio considera que a experiência na Venezuela foi uma espécie de MBA em empreendedorismo, já que ele tinha iniciado uma empresa do zero, passou pelo ponto de equilíbrio e a tornou lucrativa, participando de todos os departamentos da empresa, e não apenas do comercial como estava acostumado.

Dali em diante, nada mais foi igual.

Em 1994, depois de seu retorno, ele também passou a prestar mais atenção na operação como um todo, e não apenas na área comercial.

E Flávio percebeu que apesar do número de matrículas ser bem alto, a retenção era baixa.

Ao investigar os motivos, percebeu que o produto que a empresa entregava não era bom.

Ao perceber isso, ele se viu em meio a um conflito ético.

Ele conversou com os donos da empresa, que acharam que não havia nada de errado com o produto.

Então Flávio Augusto, em meio ao ano de melhor desempenho em sua carreira, com moral na empresa e ganhando mais de sete mil dólares por mês, decidiu que não iria mais continuar ali.

Ele sabia que estava diante de um ponto de inflexão.

O problema é que ele estava sem dinheiro, pois depois que seu carro foi roubado na Venezuela, ele não recebeu o dinheiro do seguro.

E quando voltou ao Brasil tinha mais despesas com aluguel, prestações de móveis e também de um carro que havia adquirido.

Mesmo assim, ele estava considerando abrir uma empresa própria.

E para isso, ele precisaria desenvolver uma metodologia de ensino, produzir e imprimir livros, contratar uma equipe, alugar um espaço de tamanho razoável num local nobre do Rio de Janeiro, fazer uma eventual reforma e ainda ter capital de giro até que a empresa atingisse o ponto de equilíbrio.

De acordo com Flávio Augusto, em dinheiro de hoje seria necessário cerca de 400 mil reais.

Sem dinheiro mas já com bastante capital intelectual, ele confiou em sua capacidade de vendas para usar o dinheiro da taxa de matrícula dos novos alunos para injetar na operação da empresa.

Mesmo assim ele ainda precisaria de um pouco de capital para começar.

Ele então chamou um amigo para ser sócio de 50% da primeira escola.

Seu amigo teria que vender seu carro para entrar no negócio, mas em cima da hora, ele desistiu.

A essa altura, Flávio já havia conversado com Mário Magalhães a respeito de sua saída da empresa em que trabalhava.

E sem o dinheiro de seu amigo, a alternativa que ele encontrou foi ir até o banco e conversar com sua gerente, com quem tinha uma boa relação.

Ele então usou todo o limite de crédito no cheque especial que tinha e também o de sua esposa para abrir a empresa.

O valor que conseguiram foi de 20 mil reais, a uma enorme taxa de juros de 12% ao mês.

Ele sabia que era uma situação longe da ideal, mas era tudo que eles tinham para começarem a própria escola de inglês do zero, a futura Wise Up.

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Um abraço e até o próximo episódio.

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