Aqui é o André do Você Top e esse é o quinto e último episódio da série Flávio Augusto, baseado no livro Ponto de Inflexão.
Se você não assistiu os episódios anteriores, vá para a playlist Flávio Augusto aqui do canal.
No ano de 2012, Flávio estava em um momento de transição na sua vida, negociando a venda da Wise Up.
Nessa época, ele morava em Orlando, e costumava acompanhar seu filho mais velho, Brenno, em torneios de futebol pela Flórida.
O futebol nos Estados Unidos era um assunto que o interessava cada vez mais, e ele via muito potencial no esporte por lá.
Numa reunião com o também brasileiro Alexandre Leitão, presidente da Octagon, uma das maiores agências de marketing esportivo, Flávio quis saber o que Alexandre achava do futebol nos Estados Unidos, e ficou feliz em saber que ele compartilhava da mesma visão do assunto.
O presidente da Octagon disse:
“No dia em que o maior esporte do mundo se encontrar com o maior mercado de marketing esportivo do planeta, eu quero estar no meio disso.”
Flávio tinha particular interesse na Major League Soccer, ou MLS, uma espécie de primeira divisão do futebol nos Estados Unidos.
Na cidade de Orlando havia um pequeno clube, que atuava numa espécie de terceira divisão, e se chamava Orlando City.
Mas com o aprofundamento de suas pesquisas nesse mercado, Flávio sabia que para levar um time como esse à MLS havia um grande abismo financeiro, pois era necessário que o time tivesse um estádio moderno e também que fosse aceito pela MLS, e isso exigia um alto investimento financeiro.
Nos Estados Unidos, cada dono de clube da MLS é sócio da liga, que também é uma empresa privada.
Essa é uma grande diferença dos clubes de futebol de lá e do Brasil, em que os clubes não são empresas.
Dessa forma, não havia possibilidade dele comprar por exemplo o Flamengo, time pelo qual torcia desde pequeno.
Para colocar seu plano em prática, Flávio Augusto precisaria ser aceito pelos donos dos outros clubes que eram acionistas da MLS e ainda fazer um investimento de 200 milhões de reais, acima do que ele esperava inicialmente.
Ele viu essa situação como uma oportunidade de multiplicar seu patrimônio, além da possibilidade de empreender em outro mercado lá nos Estados Unidos.
Ele fez uma apresentação em inglês para os donos de clubes da MLS, buscando mostrar seu currículo como empreendedor e também sua capacidade financeira de levar o projeto adiante.
Duas semanas depois, recebeu a resposta: ele e o Orlando City haviam sido aceitos na MLS.
Mesmo assim, Flávio ainda não havia assinado nada, e a data de assinatura do contrato foi marcada para 30 dias depois.
Ele diz que o momento do ponto de inflexão é quase sempre cheio de dúvidas, medos e inseguranças.
Na hora da decisão mesmo, ou na hora de saltar do bungee jump, que é a analogia usada por ele, é você quem pula ou não.
E ele estava em dúvidas.
Era um negócio que não dependia apenas de seu trabalho duro.
O sucesso desse projeto também dependia do crescimento do esporte nos Estados Unidos, da audiência na TV, de patrocinadores e de outros fatores também.
Como de costume antes de decisões importante, ele e Luciana, sua esposa, conversaram bastante e avaliaram os piores cenários que, nesse caso, seria perder os 200 milhões de reais investidos.
E ele decidiu seguir adiante.
Em dezembro de 2013 ocorreu a cerimônia de anúncio oficial, com a presença do governador da Flórida, do prefeito de Orlando e outras pessoas bem conhecidas da região.
O Orlando City, comandado por um carioca de origem humilde, da periferia do Rio de Janeiro, acabava de entrar na principal liga de futebol dos Estados Unidos.
Em pouco tempo, o timing da entrada dele nesse mercado se mostrou certeiro.
Durante a copa do mundo de 2014, disputada no Brasil, a audiência dos jogos em que os Estados Unidos participaram, ultrapassou a audiência das finais da NBA e do beisebol.
E ainda nesse ano, a MLS assinou um contrato de transmissão dos jogos que saltou de 68 milhões de dólares para cerca de 125 milhões de dólares.
Outro fato marcante foi a contratação do brasileiro Kaká pelo Orlando City.
Com todos esses fatos, o futebol por lá deixou de ser uma promessa e passou a ser uma realidade, o que aumentou a oferta de investidores e patrocinadores também.
De acordo com Flávio, o Orlando City vendeu mais de 350 mil ingressos com um ano de antecipação, a um preço médio de 198 reais.
Em 2017 o clube inaugurou seu próprio estádio e, em 2018, Flávio Augusto vendeu 8,63% do clube, com uma avaliação de 500 milhões de dólares, ou 1,9 bilhão de reais na época.
Assim, o valor do clube seria 9,5 vezes o valor que ele investiu.
Nas palavras dele mesmo:
“Pode parecer uma loucura, mas quando estava prestes a entrar nesse projeto e pensava sobre seus riscos, cheguei à conclusão de que risco mesmo foram os 20 mil reais do cheque especial de que lancei mão quando abri minha primeira empresa.”
“Por outro lado, para comprar o Orlando City, apesar da grande cifra, representava apenas uma fração do que havia conquistado, e com uma visão e experiência muito maiores para avançar na execução do projeto.”
Voltando agora à Wise Up, muita gente se pergunta porque Flávio Augusto vendeu a Wise Up.
E para explicar esse ponto, ele mostra as 3 coisas que podem acontecer com uma empresa no longo prazo:
1 – A empresa pode quebrar.
2 – O dono da empresa pode morrer e ela ser herdada.
3 – A empresa pode ser vendida.
Para ele, criar um negócio do zero, fazê-lo crescer, gerar valor, e depois vendê-lo, antecipando mais de 10 anos de resultados para sua conta bancária parece algo óbvio.
Por isso, ele prefere a terceira opção, vender a empresa.
Outro ponto para ele é que, depois de consolidado o negócio, alguém que é muito criativo ficará entediado com a mera administração do negócio.
Pessoas assim preferem assumir novos riscos, aprender mais e construir coisas novas.
Foi com esse entendimento que ele vendeu a Wise Up em 2013.
Mas 3 meses após a venda da Wise Up, Roberto Civita, fundador e controlador do Grupo Abril, que havia participado da compra e passou a ser o novo dono da Wise Up, faleceu.
E seus filhos não quiseram dar continuidade aos negócios.
Assim, a Wise Up entrava num período de insegurança e falta de comando.
Nos anos seguintes, 2014 e 2015, o Brasil passava por um momento de grande instabilidade, tanto política como econômica e, nesse cenário, a Wise Up estava piorando cada vez mais seus resultados.
Flávio acompanhava a empresa, e estava preocupado tanto com a questão financeira dos franqueados como com a gestão da Wise Up.
Assim, quando surgiu a oportunidade, Flávio recomprou a Wise Up, com a missão de salvá-la e torná-la uma empresa lucrativa e de sucesso novamente.
Porém, em 2013, quando vendeu a empresa, 100% de suas 12 horas de trabalho eram dedicadas à Wise Up e, agora, ele também tinha o Orlando City, o meusucesso.com, tinha lançado o livro Geração de Valor e se tornado uma pessoa pública.
Em seu retorno à Wise Up, Flávio implementou uma série de medidas duras para recolocar a empresa no rumo certo, cortando despesas, demitindo pessoas, remodelando os produtos e migrando a sede para Curitiba.
Na reunião com os cerca de 450 franqueados, ele usou uma metáfora muito interessante:
“Vou explicar a vocês o que está acontecendo.
Eu estava sobrevoando esse transatlântico em meu helicóptero e vi que ele está afundando.
Quando me aproximei vi cada um de vocês e vi que vocês morreriam.
Pedi a meu piloto para se aproximar.
Algumas pessoas me viram e pediram para que eu as salvasse.
Eu joguei a escada e as pessoas queriam subir no helicóptero.
Disse para não subirem e, em vez disso, eu desci no barco que afundava.
Ao chegar lá embaixo, olhei para o meu piloto e disse para ele: Vai embora para o porto e me aguarde lá.”
“Senhores, agora eu estou dentro do transatlântico que está afundando junto com vocês.
Se vocês morrerem, eu vou morrer junto com vocês.
Porém, eu sei exatamente o que fazer para esse navio não afundar.
Eu sei exatamente o que fazer para vocês e eu não morrermos.
Nessa reunião eu vou apontar a direção e o que eu espero é que todos sigamos juntos nessa direção.”
Além da reestruturação financeira, houve também um trabalho forte na área comercial, para aumentar a quantidade de novas matrículas.
Em maio de 2017, Carlos Wizard também se juntou ao negócio.
O antigo concorrente de Flávio Augusto, que havia vendido a Wizard em 2013, comprou 35% da Wise Up por 200 milhões de reais.
Juntos, Carlos e Flávio criaram a holding Wiser Educação, com o plano de comprar várias marcas do setor.
A recompra da Wise Up foi um novo ponto de inflexão para ele que, com 46 anos, não tinha mais nada a provar.
Mas o fato é que ele conseguiu novamente, recolocando a Wise Up nos trilhos do sucesso.
Muita gente pergunta a Flávio como é ter chegado no topo.
Mas ele responde que ainda não chegou a lugar algum, e que continua indo.
Na direção de um eterno recomeço.
Nas palavras do próprio Flávio Augusto:
“Quando tudo poderia ficar mais fácil, eu vou renunciar à minha zona de conforto e vou retornar à Fase 1 de um patamar mais elevado.
Os acomodados acham isso insuportável.
Para mim, insuportável mesmo é ficar fazendo a mesma coisa por 30 anos, o que explica o fato de muitos odiarem as segundas-feiras e amarem as sextas-feiras.”
E para Flávio Augusto, o próximo ponto de inflexão ainda está em construção.
Ele diz que até 2022 irá deixar de ser empresário e, aos 50 anos de idade, não irá se aposentar.
Ele disse que pretende manter o mesmo ritmo de trabalho, mas, dessa vez, priorizando projetos sociais de grande impacto, resolvendo algum problema relevante na sociedade.
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Um forte abraço e até o próximo vídeo.